Hoje foi publicada no Diário Oficial da União, a medida provisória que mexe com a poupança com objetivo de pavimentar o caminho para mais reduções na taxa básica de juros do país:
O rendimento passa a ser de 70% da Selic (taxa básica de juros) mais a TR (Taxa Referencial) sempre que a Selic ficar em 8,5% ou abaixo disso ao ano. Hoje essa taxa está em 9%, mas a expectativa é que ela seja reduzida em breve.
A mudança valerá para novas poupanças abertas e novos depósitos a partir desta sexta-feira (4). O dinheiro que já está depositado na poupança não sofrerá efeitos das novas regras.
A alteração atinge qualquer novo depósito, não importando se o poupador abrir nova caderneta ou apenas fizer novas aplicações nas contas já existentes. Em qualquer uma dessas situações, as novas regras são aplicadas sobre o novo depósito, independentemente do valor.
A opção do governo em criar um redutor para a remuneração da poupança atrelado à Selic abre caminho para o BC manter a política de afrouxamento monetário. Na semana passada, o BC indicou que deverá continuar reduzindo a taxa básica de juros, mas com “parcimônia.”
Dentro da equipe econômica há avaliações de que o recuo da Selic para abaixo de 8,75 por cento ao ano -menor nível já alcançado pela taxa- poderia estimular uma forte migração de outros investimentos para a poupança, cuja remuneração atual ficaria mais atrativa.
Se houver essa migração para a caderneta, o governo poderia ter problemas até para se financiar, porque parte dos seus títulos públicos é remunerada pela Selic e poderiam perder atratividade diante dos investidores.
Economistas concordam que a medida abre caminho para novos cortes do juro básico, mas se dividem quanto à velocidade com que isso possa ocorrer.
“Essas medidas acabam por sinalizar que a Selic vai continuar caindo”, disse o estrategista-chefe do Banco WestLB, Luciano Rostagno. “Entendo que o governo não assumiria um custo político da medida, até em ano de eleição, se não houvesse benefício maior em termos de uma maior queda de juros.”