O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), votou para condenar o mecânico Penapolense Fábio Alexandre de Oliveira, 45 anos, a 17 anos de prisão por participação dos atos que resultaram na invasão e depredação dos prédios do Três Poderes, em Brasília (DF), em 8 de janeiro de 2023.
O réu ficou nacionalmente conhecido por aparecer em um vídeo, sentado na cadeia que seria do próprio ministro, durante as invasões. As imagens foram exibidas no programa Fantástico, da Rede Globo, de 15 de janeiro daquele ano.
Alexandre de Moraes é relator do processo e o julgamento virtual teve início na sexta-feira (27). Na ação, ele cita que o mecânico aparece no vídeo, que teria sido gravado pelo também Penapolense Erlon Paliotta Ferrite, que já foi condenado pelos mesmos crimes.
O ministro cita no relatório que no vídeo, Irmão Fábio afirma: “Cadeira do Xandão aqui, ó! Aqui ó, vagabundo! Aqui é o povo que manda nessa porra, caralho” . E acrescenta que Ferrite complementa, dizendo: “Cadeira do Xandão agora é do meu irmão Fábio! E já era! Nós tomou a cadeira do Xandão aí, ó” .
Consta ainda no relatório que o réu está com luvas para dificultar a identificação e com máscara de proteção contra gases nas pernas, “evidenciando intenção e preparação para a prática de atos de que poderiam resultar em confronto com as forças de segurança pública que guarneciam os prédios invadidos” .
Para o ministro, as falas e atitudes do réu denotam o caráter violento e premeditado das ações dele. Alexandre de Moraes relata que o penapolense foi identificado em outro vídeo durante as invasões, subindo a rampa do Congresso Nacional.
Já no celular dele, apreendido por determinação da Justiça, foram encontradas mensagens que indicam que ele teria participado e incentivado bloqueios rodoviários em 2 e 3 de novembro de 2022, após as eleições.
Segundo o relatório, após a invasão dos prédios dos Três Poderes, o mecânico teria trocado de celular e de linha telefônica, para tentar se livrar da devida responsabilização penal. Consta ainda que ele teria contado com auxílio de um grupo de empresários de Penápolis, que teria financiado os atos ocorridos em Brasília.
Ainda de acordo com o relatório, ao ser ouvido em declarações, o penapolense informou que foi convidado por alguns clientes da oficina dele a frequentar o quartel do Tiro de Guerra em Penápolis e que no dia 6 teria sido convidado para conhecer Brasília e participar de uma manifestação pacífica.
Disse ainda que teria chegado em na Capital Federal no sábado (7/1), sem ter pago pela passagem. Ele teria passado a noite do acampamento montado em frente ao QG, e no dia seguinte saiu em caminhada em direção à Esplanada.
Afirmou que chegou na Praça dos Três Poderes por volta das 17h, onde já havia uma dinâmica de confronto e agitação, e negou ter adentrado em prédio público, tendo permanecido do “lado de fora”, próximo ao STF.
Sobre o vídeo em que aparece sentado na cadeira de um dos ministros, ele alegou que ela estava jogada do lado de fora do prédio e que foi convidado a fazer um vídeo para “guardar de lembrança”.
Na versão dele, foi um empresário de Penápolis que fez a filmagem e não Ferrite. Ele acusou esse empresário de tê-lo enganado, pois ele teria feito o vídeo ao vivo no TikTok.
O mecânico declarou ainda que recebeu as luvas e máscara de proteção contra gases de pessoas desconhecidas ao chegar no local e negou ter participado de bloqueio rodoviário. Porém, afirmou que esteve em um evento do “agro” na rodovia da cidade.
Apesar das declarações, para o ministro do STF, as provas produzidas comprovaram a ativa contribuição de Fábio Alexandre de Oliveira nos atos ocorridos em 8 de janeiro de 2023 em Brasília, votando pela condenação. O julgamento vai até 5 de agosto.:hoje mais