Um ministro ganancioso em um setor que recebe muita verba

Estamos em época de festividades, hora de juntar a família, comemorar o que passou e brindar o que há de vir. Infelizmente, o que está vindo para o Brasil no ano que se inicia não é coisa boa.

Na última semana de dezembro de 2014, a presidente Dilma Rousseff nos deu o imenso desprazer de indicar Aldo Rebelo, ministro dos Esportes durante o primeiro mandato, ao cargo de comando do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. Aldo, membro do Partido Comunista do Brasil, trabalha como jornalista e redator, já que sua graduação em Direito pela UFAL nunca foi completada, e é autor de vários projetos de lei questionáveis. Vejamos alguns deles:

  • Em 2011, nosso caro Aldo “propôs a votação do projeto de reforma do Código Florestal, que permite o cultivo em Áreas de Preservação Permanente, diminui a conservação da flora em margens de rios, isenta de multas os agricultores que desmataram e libera o cultivo no topo de morros.”. Ao ser questionado sobre seu conhecimento técnico no assunto, “confessou que executava uma tarefa política e não tinha experiência na área.
  • Além do lobby pró-agronegócio, Aldo Rebelo também não consegue entender a diferença entre clima e tempo, como visto nesse seu tuíte: 2014-12-24-Screenshot20141223at22.55.04.png
  • Aldo também faz parte do grupo de pessoas que nega o aquecimento global, um debate que já não faz mais parte da ciência. Comprovadamente, o aquecimento está sim acontecendo, como mostram 10.883 dos 10.885 artigos revisados por pares em climatologia em 2013;
  • O Sr. Rebelo também propôs, em 1999, uma reforma ortográfica proibindo o uso de estrangeirismos em anúncios publicitários, documentos oficiais, veículos de comunicação e letreiros de lojas — por exemplo, “computador” e “mouse” seriam substituídos para “ordenador” e “rato”;
  • Em 1994, o então atual Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação criou o PL 4502/1994 que “proíbe a adoção, pelos órgãos públicos, de inovação tecnológica poupadora de mão-de-obra.”
  • Em 1998, seu PL 4224 visava proibir o uso de bombas de combustível self-service;
  • E em 2000, o PL2867 tentava bloquear a utilização de catracas automáticas em ônibus;

Aldo Rebelo, que assume no dia 1º de Janeiro, entra no lugar de Clelio Campolina Diniz, pesquisador consagrado e ex-reitor da UFMG. Curiosamente, o novo chefe do MCTI não possui ao menos currículo na Plataforma Lattes, pré-requisito de qualquer profissional que lide com ciência, tecnologia e inovação.

O futuro da ciência no Brasil está nas mãos de alguém sem a mínima preocupação com inovação tecnológica, geração e aplicação de conhecimento. Aliado a uma gestão perigosamente tendenciosa ao uso e abuso de combustíveis fósseis e do agronegócio, Aldo Rebelo comprova a frase de Roberto Campos: o Brasil definitivamente não corre o menor risco de dar certo.

Texto de Tulio Baars para o Brasil Post.

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