Procuradoria cobra solução para haitianos barrados

A procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Gilda Carvalho, cobrou nesta quinta-feira que o governo brasileiro acolha os 273 haitianos que estão há 78 dias na cidade de Iñapari, na fronteira com o Estado do Acre, à espera de ingressar no país.

O grupo estava a caminho do Brasil quando, no dia 12 de janeiro, o governo editou uma resolução para ordenar o fluxo de imigrantes haitianos e passou a condicionar a entrada deles à posse de vistos.

Para evitar novas obstruções na fronteira, ela diz ter pedido ao governo brasileiro que divulgue no Haiti, em todos os meios de comunicação, a sua nova política migratória.

Pela resolução nº 97/2012 do Conselho Nacional de Imigração (CNIg), definiu-se que a embaixada do Brasil no Haiti passaria a conceder cem vistos de trabalho ao mês para haitianos que quisessem morar no país. Paralelamente, a Polícia Federal passou a barrar haitianos sem visto nas fronteiras.

Em visita ao Haiti em fevereiro, a presidente Dilma Rousseff também cobrou, em discurso, que a medida fosse mais divulgada. No entanto, nem mesmo o site da embaixada brasileira em Porto Príncipe faz qualquer menção ao tema.

Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), a permanência dos haitianos na fronteira com o Peru exige solução imediata: “Existem 3,5 milhões de brasileiros no exterior, e o país fica impedindo a entrada de 273 haitianos? Esta é a política humanitária do governo?”

O senador ainda completou: “Quando uma turista brasileira é barrada na Espanha, parece que o mundo vai acabar. Enquanto isso, deixamos quase 300 haitianos dormindo numa praça.”

Haitianos barrados no Brasil estão dormindo em praça do Peru e outros abrigos improvisados.

Para chegar à fronteira, o grupo enfrentou uma longa viagem desde a capital haitiana, Porto Príncipe. A rota se iniciou com um voo até a República Dominicana, seguido por outro até o Panamá e mais um até o Equador.

De Quito, capital equatoriana, os haitianos seguiram de ônibus à Colômbia e, finalmente, ao Peru, de onde viajaram até a fronteira com o Brasil. O deslocamento levou quatro dias e consumiu, segundo alguns deles, o equivalente a R$ 3 mil.

Fonte: BBC Brasil

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