MANIFESTO EM ARAÇATUBA CONTRA A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Comunidades religiosas e movimentos culturais se reuniram na tarde de ontem (13), em protesto contra o racismo e a intolerância religiosa em Araçatuba. O ato teve início em frente ao Conselho Tutelar e seguiu em passeata até a Praça Rui Barbosa onde lideranças e apoiadores se manifestaram.

As falas pediam pela união da população e pelo fim do preconceito e segregação com a cultura africana. Para Rogério Guerra, responsável pelo terreiro Ilê Asè Egbá Araketu Odè Igbô’, decretar estado laico no Brasil não é o suficiente.

“É lamentável que em um país que se diz laico não exista diversidade. Nós que somos de matrizes africanas sofremos preconceito religioso. Nós só queremos a liberdade de cultuar nossos ancestrais e as divindades nagô. Nós todos temos direito de vivermos nossa fé e em pleno século XXI ainda sofremos”, afirmou.

O reverendo Anglicano Paulo Sanda falou sobre a importância da pluralidade entre as religiões e defendeu que as culturas religiosas devem ser respeitadas como direitos humanos. “A gente está colocando como racismo religioso, vai além da intolerância. O rito faz parte da cultura e da espiritualidade das pessoas e deve ser respeitado. Infelizmente vivemos em um país racista e nós precisamos combater isso”, comentou.

Luana Leite, membro do Maracatu Baque D’orum, que esteve presente no ato, diz que o preconceito sempre existiu. “O que está acontecendo em Araçatuba, já acontece há 520 anos com a população indígena que enfrenta constante perseguição. Esquecem da cultura do Brasil e da cultura ‘afro’. Mas nós estamos vivos, felizmente, e estamos na luta”, concluiu.

O ato aconteceu em protesto à decisão do Conselho Tutelar de tirar a guarda de uma criança da família no dia 5 de agosto, após uma denuncia contra um ritual religioso, ocorrido no dia 23 de julho em Araçatuba. O caso tomou repercussão nacional e revoltou comunidades religiosas e apoiadores.

folha da região
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