Dilma anuncia ajustes na economia

Dilma: investigação na Petrobras pode "mudar Brasil para sempre" Roberto Stuckert, PR/Divulgação

 A presidente Dilma Rousseff não deu nenhuma indicação hoje de quem será o novo ministro da Fazenda. Mas seja lá quem for, ela já decidiu uma coisa:

— Nós vamos fazer ajustes.

Tanto ela quanto o ministro Guido Mantega, da Fazenda, que a acompanhou na reunião de cúpula das 20 maiores economias do mundo, o G-20, se negaram a revelar em que áreas serão feitas os cortes. Dilma explicou que no Brasil hoje há vários gastos e despesas que não resultam nem em mais investimento, nem em aumento de consumo. 

Diante da necessidade de ajuste fiscal, há rumores no mercado de que o governo aumentaria a Cida, isto é, uma contribuição cobrada a cada litro da gasolina — como forma de aumentar a arrecadação. Dilma desmentiu o rumo :

— Não conheço essa possibilidade. Eu não discuti a criação da Cide com ninguém — garantiu.

Mantega assegurou que não haverá uma mudança radical de rumo na política econômica do governo. E repetiu o seu principal argumento: de que a população, ao reeleger o governo, aprovou a atual política econômica “que gerou emprego e aumentou a renda da população”. Quando um jornalista quis saber, então, se ele não se sentia injustiçado por estar sendo afastado do governo, Mantega reagiu:

— Desculpe, mas eu não fui afastado. Eu pedi para sair do governo já há algum tempo. Existem problemas familiares. Cheguei no limite.

Dilma e Mantega falaram em frustração no G-20 com a recuperação fraca da economia mundial, bem abaixo do esperado.

Mantega voltou a atribuir o baixo crescimento no Brasil e a desaceleração nos países emergentes ao baixo crescimento nas economias ricas:

— O comércio internacional era estimulado pelos países avançados, pela União Europeia, Estados Unidos, Japão. Então, foram eles que desaceleraram o comércio internacional. Portanto diminuíram as encomendas feitas para a China, os países asiáticos…

Ele citou ainda uma série de problemas específicos do Brasil para explicar o baixo crescimento do país, como uma seca forte, menos dias úteis, repercussão dos ajustes do Fed (o Banco Central dos Estados Unidos) e pressão inflacionária. Até, finalmente, reconhecer que o Brasil precisa fazer ajustes :

— O Brasil tem que fazer ajustes. Temos que reduzir a pressão inflacionária, e ela está sendo reduzida. Temos que fazer outros ajustes, como o fiscal, o que há muitos meses eu venho dizendo. Estamos preparando estes ajustes, quando estiverem prontos serão anunciados — afirmou.

Dilma cobrou a prometida reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI), onde para Brasil e outros emergentes foi prometido mais peso. A reforma foi bloqueada pelos Estados Unidos.

— Se não houver saída, ou se não for aprovada esta reforma no âmbito de todos os membros, no caso, dos Estados Unidos, nós procuraremos, junto aos ministros da Fazenda do G-20, soluções alternativas.

Mantega disse que os Brics — grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — decidiram se organizar para que o novo banco do bloco, chamado Novo Banco do Desenvolvimento, comece a funcionar a partir de julho do ano que vem. Será indicado um conselho de administração provisória e alguns membros da diretoria antes mesmo de ter a aprovação do Congresso para o funcionamento do banco.

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