
O vereador José Fermino Grosso, (PP), o mais votado nas eleições municipais de 2024, está no centro de uma possível crise institucional em Birigui. Um requerimento solicitando a extinção do seu mandato eletivo foi protocolado na manhã desta terça-feira (1º) na Câmara Municipal e já está em tramitação.
A solicitação tem como base decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF), que manteve a condenação de Fermino por crime de calúnia, em processo já transitado em julgado. A Primeira Turma da Corte, composta pelos ministros Cristiano Zanin (presidente da Turma), Cármen Lúcia, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Flávio Dino — que também foi o relator do caso — negou por unanimidade o recurso da defesa.
A tentativa era reverter os efeitos da condenação por meio da concessão de um acordo de não persecução penal (ANPP). Porém, segundo a decisão, esse ponto não havia sido analisado nas instâncias inferiores, o que impossibilita a apreciação direta pelo STF, por se tratar de supressão de instância. A Corte entendeu ainda que não havia ilegalidade manifesta nem excepcionalidade que justificasse a admissão do pedido.
Câmara aguarda parecer técnico
Procurado pela reportagem, o presidente da Câmara de Birigui, Pastor Reginaldo, (PL), confirmou o recebimento do requerimento, mas informou que o caso ainda está em fase preliminar: “Não conseguimos falar neste momento, pois foi protocolado ainda pela manhã e está em trâmite no protocolo. Tecnicamente será avaliado e, assim que tivermos uma informação precisa, vamos divulgar”, afirmou.
A tramitação seguirá os procedimentos previstos na Lei Orgânica do Município e no Regimento Interno da Câmara.
Vereador mais votado presidiu sessão de posse
Com forte base eleitoral, Fermino foi o mais votado nas eleições de 2024 e, por esse motivo, presidiu a sessão solene de posse do Legislativo em janeiro deste ano. Agora, o futuro do seu mandato está no desenrolar jurídico e político do caso.
Parlamentar não respondeu
A reportagem tentou contato diversas vezes com Fermino, por meio do número oficial usado pelo parlamentar, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação.
Entenda a decisão do STF
O agravo regimental impetrado pela defesa foi analisado entre os dias 16 e 23 de maio de 2025. O voto do relator, ministro Flávio Dino, foi acompanhado integralmente pelos ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Alexandre de Moraes.
A decisão reafirma a jurisprudência da Corte, que não admite habeas corpus como substitutivo de recurso próprio e não permite a análise de pedidos que não passaram por instâncias inferiores. A possibilidade de oferecimento de acordo de não persecução penal também foi descartada por não ter sido objeto de apreciação anterior.
“Não se examinam as teses defensivas de habeas corpus dirigido a esta Suprema Corte quando o tribunal superior antecedente não se tenha manifestado sobre elas”, afirma o voto do relator.
Agora, com o trânsito em julgado confirmado, a Câmara Municipal de Birigui deverá decidir se o vereador continuará ou não no cargo.:folha da região