Apesar do gás, combustível, moradia, conta de luz, conta de água, pedágio e tudo o mais estar muito mais caro no Brasil e ninguém protestar. Alguns poucos alimentos da cesta básica estão mais baratos como feijão, arroz e leite longa vida. Impulsionada pela supersafra e pela cautela do consumidor com o que colocar no carrinho, a oferta dos produtos aumentou e contribuiu para que a inflação do setor terminasse o ano passado em queda.
O Índice de Preços dos Supermercados, calculado pela Apas/Fipe (Associação Paulista de Supermercados/ Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), registrou um recuo de 2,3% no acumulado de janeiro a dezembro de 2017. A retração nos preços é a maior desde o início da medição, em 1994. Conforme a Apas, a queda mais próxima à de 2017 foi registrada em 1998, quando o indicou apontou para redução de 2,26%.
De acordo com o economista da Apas, Thiago Berka, um dos fatores que impulsionaram a deflação nos supermercados em 2017 foi a safra recorde de grãos. “Este resultado fez também com que os rebanhos bovino, suíno e as aves fossem beneficiados com melhores preços para a ração, por exemplo, o que ajudou na redução no preço das carnes”, ele esclareceu.
Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Brasil colheu 238 milhões de toneladas de grãos no ciclo 2016/2017, atingindo sua maior marca histórica.
Berka lembra que o feijão e o arroz tiveram deflação em 2017 também devido ao fato de que os preços dos dois produtos dispararam em 2016, com altas respectivas de 11,89 e 35,6%, depois de já terem aumentado 5,44% e 36,41%, em 2015, devido à quebra de safra. Já o leite ficou mais barato porque os rebanhos encontraram boas pastagens, produtores observaram preços estáveis e convidativos ao aumento de produção nos últimos três anos, além da demanda desaquecida. “Isso porque na crise, produtos lácteos em geral são reduzidos com mais intensidade pela população e os supermercados adequam seu mix de produtos supérfluos.”
Mas como alegria de pobre dura pouco, a perspectiva é de um cenário diferente para os supermercados paulistas em 2018. A previsão da Apas é de que este ano o consumidor pague entre 3% a 4% a mais pelos produtos.
Ele acredita que a safra brasileira de 2018 seja boa, porém não atinja o mesmo nível da colheita de grãos em 2017. A superprodução foi um dos fatores que tornaram alguns produtos mais baratos no ano passado. A Conab estima um recuo de 4,4% a 6,2% para a safra 2017/2018 ante as 238 milhões de toneladas de 2016/2017. A produção deve ficar entre 223,3 e 227,5 milhões de toneladas.
Fonte: Folha da Região.