Minicracolândia assusta Araçatuba

Desde o ano passado, moradores do bairro Paraíso e arredores passaram a ter por perto as novas instalações do Centro Pop, que antes funcionava na Vila Mendonça. No local, na rua Junqueira Freire, 327, próximo ao CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), funciona um serviço de acolhimento onde pessoas em situação de risco podem morar durante um período de até seis meses.

A recepcionista Ana Flávia Costa de Souza mora perto do Centro Pop e usou uma rede social para desabafar sobre a situação da região. Ela lembra que no local antes funcionava uma suposta casa de prostituição e nunca teve problemas com a movimentação no bairro. “Usuários de droga fizeram daquilo um local que passou de seguro, a um local muito perigoso a meu ver. Os caras ficam no meio da rua, mexem com a gente, mexem nos carros da gente e agora deram de ficar pedindo as coisas nas nossas casas. Ficam esperando a gente chegar do serviço, nos portões. Morávamos em um lugar seguro, agora tenho medo de chegar em casa sozinha, não posso mais passar naquela rua sozinha, porque tem uns 100 homens espalhados na frente, e eles não perdoam nada”, reclama.

“Eu vivo ali desde que nasci e nunca tivemos um problema. Fui morar em outro bairro por um tempo e agora faz um mês que voltei, e não temos mais a liberdade de antes. Ficamos de portas fechadas, portão trancado, evito circular sozinha a pé por ali, porque, infelizmente, a gente não sabe a intenção de alguns. Até acredito que tenha quem necessite mesmo, mas tem muito usuário (de drogas), muita gente de mau coração e eu prezo ela minha vida e da minha família”, disse em entrevista à Folha.

“Ontem mesmo, meu marido ficou um tempo sentado na frente (de casa) e tinha dois (homens) atrás de uma árvore. Quando viram ele, saíram correndo. Tenho uma avó que faz aquele trajeto para ir na casa de uma tia, e ela não tem mais coragem de ir, porque eles desrespeitam ela, mexem, ficam pedindo dinheiro quando ela passa, então a proibimos de passar por ali, e quando passamos de carro, fechamos os vidros, porque eles entram na frente do carro. É surreal aquilo, à noite”, completa.

Aline disse que há alguns dias a sobrinha dela, de 12 anos, foi intimidada por um dos frequentadores do Centro Pop. Ela contou que uns dias atrás, tiraram o espelho do retrovisor do carro dela, possivelmente para usar como suporte para consumo de cocaína. “Eu já encontrei vários pinos de cocaína, vários corotes de pinga, tudo escondido na rua de casa”, lembrou. Aline disse que, há pouco tempo, voltava do trabalho quando encontrou um homem, que é acolhido pelo Centro Pop, fazendo gestos obscenos em uma árvore.

As vizinhas contaram que é comum a presença de mulheres e prostitutas à noite, que mantêm relação sexual com os homens do Centro Pop. Segundo elas, quando no local funcionava um prostíbulo, havia queixas de barulho, principalmente de carros que faziam manobras inconvenientes e passavam com som alto. No entanto, a situação agora está pior, porque os moradores têm medo da população que se formou nos arredores.

A reportagem enviou várias perguntas para a assessoria de imprensa da Prefeitura na semana passada, questionando a situação e segurança do bairro. Entre as questões estavam o valor pago mensalmente à dona do imóvel; a presença de guardas municipais para a segurança do bairro; a possibilidade do Centro Pop ser instalado em uma região afastada; se os frequentadores fazem algum tipo de trabalho comunitário no local e quantas pessoas são acolhidas.

A Prefeitura informou, em nota, que o local possui 25 vagas para acolhimento e, diariamente, o Centro Pop ampara em média 50 pessoas. Informou, ainda, que “realiza atendimentos individuais e coletivos, oficinas e atividades de convívio e socialização, além de ações que incentivem o protagonismo e a participação social das pessoas em situação de rua”. As outras questões não foram respondidas.

Fonte: Folha da Região.

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