O Grupo DOK divulgou nota na tarde desta quinta-feira (26), informando que firmou uma parceria estratégica com a Reag Investimentos, que seria a segunda maior gestora independente de investimentos do Brasil. Essa parceira deve atuar na reestruturação financeira e gerencial da companhia, atualmente em processo de recuperação judicial.
Além disso, informa que está em negociação avançada com duas marcas internacionais de calçados para a retomada da produção, que seria destinada à distribuição na América Latina.
Segundo a nota, a Reag Investimentos deve conduzir a implantação de uma nova governança corporativa junto à atual gestão, auxiliar na condução do plano de recuperação judicial do Grupo DOK, além de definir as estratégias para retomada da rentabilidade da empresa.
Ainda de acordo com o que foi informado, o grupo colocará seus ativos à disposição “para que seja constituída a melhor estrutura possível para satisfação dos credores e eventual aprovação do plano de recuperação judicial”.
O Grupo DOK informa que deverá oferecer aos credores a possibilidade de trocarem os créditos por cotas de fundo multimercado a serem criados. Além disso, devem ser constituídos fundos de direitos creditórios (FIDICs) para fomentar as atividades da planta de Frei Paulo, em Sergipe, sede da principal operação.
Conforme divulgado pelo Hojemais Araçatuba em janeiro, Grupo DOK alegou uma dívida de aproximadamente R$ 400 milhões e vinha sofrendo ações de execuções no valor de mais de R$ 9 milhões.
Diante disso, foi contratada uma consultoria especializada para diagnóstico da conjuntura empresária e ingressou com pedido de liminar da Justiça de Birigui, que determinando a suspensão de ações de execução.
Porém, com base em informações sobre representações de notícias crimes por parte de credores que teriam sido enganados, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) suspendeu os efeitos da liminar. Os denunciantes relataram à Justiça que o volume de operações inexistentes poderia envolver até 90 empresas do setor financeiro, somando prejuízo de R$ 370 milhões.
A suposta fraude teria sido descoberta a partir de análise de milhares de duplicatas simuladas emitidas em nome das Lojas Riachuelo, que havia suspendido o contrato por ter detectado o mesmo problema anteriormente.
A informação apurada foi de que somente no caso das Lojas Riachuelo teriam sido emitidas mais de 1.400 notas fiscais em operações inexistentes, movimentando R$ 20 milhões. O mesmo tipo de procedimento teria sido feito simulando vendas para a C&A e com outra gigante do setor, as Lojas Renner.
Uma notícia crime com todas essas informações foi apresentada ao Ministério Público, que determinou que a Polícia Civil de Birigui instaurasse inquéritos para investigar o caso.
O Grupo desistiu do pedido liminar na Justiça de Birigui após ser determinada a realização de perícia nos documentos apresentados. Porém, em fevereiro a juíza da comarca de Frei Paulo, Marília Jackelyne Nunes da Silva, deferiu o processamento da recuperação judicial que havia sido protocolado no dia 1º daquele mês.
Fazem parte do pedido de recuperação as empresas DOK Calçados do Sergipe Ltda, DOK Participações Societárias Ltda, Indústria de Calçados de Birigui Ltda, Esposende Ltda e GDCD Ltda.
Ao apresentar o pedido, a consultoria argumentou que em dezembro havia ajuizado pedido de Tutela Cautelar em Caráter Antecedente Preparatória ao Pedido de Recuperação Judicial no Plantão Judicial de Araçatuba, que contempla a Comarca de Birigui, cidade onde há uma unidade fabril do Grupo.
Foi alegado que durante o processamento do pedido, foi verificada a incompetência do Foro de Araçatuba, já que a maior fábrica do grupo estaria em Frei Paulo, que é a DOK Calçados do Sergipe. A empresa, segundo informado, teria capital social 100 vezes maior que das demais empresas.
“Após esclarecer os motivos que conduziram à atual crise econômico-financeira enfrentada pelo Grupo DOK, as requerentes ressaltam ser a situação plenamente superável ante o potencial econômico das empresas, subjacente à situação”, consta no despacho acolhendo o pedido de recuperação judicial.:hoje mais