50 anos da morte de Che Guevara

 

O mais icônico latino-americano, o médico argentino Che Guevara, se tornou um dos maiores símbolos do século XX, de guerrilheiro comunista a item de consumo capitalista: meio século após morte do herói da Revolução Cubana, seus ideais políticos brilham com menos intensidade, mas era Trump e papa Francisco mantêm sua figura viva.Até mesmo as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) já se despediram dele. Desde que os guerrilheiros entregaram as armas, Ernesto “Che” Guevara não determina mais o cotidiano deles. Há pouco tempo, a ilustração do rosto da figura emblemática ainda estampava os uniformes dos rebeldes na selva colombiana. Agora, eles têm de seguir adiante sem o líder revolucionário.

Hoje (09/10/2017), faz cinquenta anos da morte de Che Guevara. Nascido em em 14 de junho ou maio (o mês ainda é um mistério) de 1928 na Argentina, o médico, revolucionário e guerrilheiro ganhou projeção internacional quando, entre 1956 e 1959, comandou a Revolução Cubana ao lado de seu companheiro e posteriormente chefe de Estado cubano, Fidel Castro.

Che Guevara foi uma das figuras mais emblemáticas e importantes da revolução. No entanto, abandonou seus cargos políticos na ilha para poder avançar com outras revoluções: no Congo e na Bolívia. Até que, em 1967, foi capturado, preso e morto pelo Exército boliviano.

Meio século depois, muitos se perguntam: o que permaneceu do legado de Che Guevara com o fim da Guerra Fria, com a reaproximação entre Cuba e Estados Unidos e com a morte de Fidel Castro? Ele ainda serve de ícone e inspiração fora de Cuba para os políticos de esquerda de todo o mundo?

Era Trump

“Como figura política Che Guevara já foi enterrado há muito tempo, mas como líder revolucionário, ícone pop e inspiração do Movimento Estudantil de 1968 ele ainda vive”, afirma Matthias Rüb, correspondente do jornal alemão Frankfurter Allgemeinen Zeitung na América Latina.

Autor de uma biografia sobre Che Guevara recém-publicada na Alemanha, Rüb aborda não apenas as anotações do próprio líder revolucionário, como também a recepção política de suas ideias.

“Ainda que Che hoje pareça anacrônico, ele nunca perdeu força como figura simbólica antiamericanismo”, diz o biógrafo. Para Rüb, não se pode descartar que a era Trump esteja ressuscitando o patrono dos críticos da globalização e herói dos movimentos de libertação de esquerda.

“O atual presidente norte-americano, Donald Trump, está fazendo de tudo para que o antiamericanismo seja reavivado e possivelmente, dando vida a Che novamente”, afirma Rüb.

Rejeição à luta armada

Na Alemanha, o contato com a figura de Che aconteceu principalmente na história recente do país. Para Heike Hänsel, política do partido alemão A Esquerda, Che Guevara continua sendo a figura emblemática de Cuba. Ela defende a mensagem do líder revolucionário. “Para o A Esquerda, é um ponto crucial que não nos sujeitemos a nenhum tipo de exploração e muito menos ao imperialismo.”

No entanto, Hänsel rejeita veementemente a utilização da luta armada para a defesa da igualdade social e do socialismo, tal como defendia Che Guevara.

“Há tantas zonas de conflito e guerras civis que é totalmente irresponsável defender e propagar a luta armada”, esclarece a política. Com o avanço das técnicas bélicas, hoje seria uma loucura querer defender e implementar ideais políticos por meio da utilização de armas, diz.

Che e o papa Francisco

Para Rüb, os atuais movimentos sociais na América Latina de certa forma levam adiante a luta do líder da Revolução Cubana. “Não há mais a figura de um único grande revolucionário. A luta contra a desigualdade social continua viva na América Latina, mas ela é agora conduzida por coletivos e movimentos sociais que, por meios pacíficos, querem fazer valer seus direitos.”

O papa Francisco, argentino assim como Che Guevara, também pertence a essa nova luta na região, como aponta Rüb. “Francisco é um papa que tenta dar continuidade à herança de Che de forma pacífica. Na América Latina, isso significa sobretudo a superação da terrível desigualdade social”, diz. “Exagerando um pouco, pode-se dizer que o papa Francisco é o novo Che Guevara.”

Che morreu jovem, aos 39 anos, e inspirou muitos jovens com suas frases de efeito e aventuras ao redor do mundo. Sua vaigem pela Américo do Sul, que culimou com ajudar leprosos em um hospital virou o premiado filme Diários de Motocicleta.

Algumas frases célebres:

“Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros. ”

“É preciso ser duro, mas sem perder a ternura, jamais…”

“Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira.”

“Deixe o mundo mudar você e você poderá mudar o mundo.”

“Deixe-me dizer-lhe, correndo o risco de parecer ridículo, que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor.”

 

Fonte: Terra.

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